O que é Joint Venture e por que usar esse modelo estratégico de negócio?
- RMadv
- 9 de nov. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 24 de set. de 2021
Joint Venture é uma associação econômica (um acordo comercial) entre duas ou mais empresas, de ramos iguais ou diferentes, que decidem reunir seus recursos e experiências, durante um período determinado, para realizar uma tarefa específica ou alcançar um objetivo em comum como: expansão de negócios, desenvolvimento de novos produtos, acesso a novos mercados e canais de distribuição e busca por maior expertise técnica e recursos.
Em outras palavras, as empresas se unem temporariamente para explorar oportunidades de mercado. Por outro lado, vale lembrar que, além de compartilharem lucros e benefícios, as empresas também dividem riscos, prejuízos e custos.
Por que realizar uma Joint Venture?
Usualmente, a lógica por trás da formação de uma Joint Venture é a maior probabilidade de sucesso e rentabilidade dos negócios após a união de competências e recursos complementares (no que uma empresa é forte, a outra é fraca e vice versa). Aqui, há a oportunidade de obter novos conhecimentos e experiências (know how), bem como permitir acesso a novos recursos.
Para isso, mesmo não havendo exigência de uma forma específica na legislação brasileira, é interessante que as partes acordem os termos da parceria. Dessa maneira, podem buscar um objetivo e almejar resultados que, muitas vezes, não teriam condições ou ficariam expostos a altos riscos de fracasso caso o fizessem isoladamente.
Tipos de Joint Ventures
Por esse mecanismo as empresas podem se juntar de dois modos:
- Joint Venture Contratual - sem a formação de uma nova empresa;
- Joint Venture Societária - com a criação de uma nova companhia com personalidade jurídica.
A 1ª representa uma associação de interesses (contrato) buscando alcançar objetivos específicos, com a proporcional divisão dos riscos (lucros e perdas). Sem ter a criação de uma nova empresa, não há necessidade de mudanças estruturais para os envolvidos nesta modalidade.
Já a 2ª se refere à realização de projeto ou empreendimento comum, com a criação de uma empresa com nova identidade jurídica. As Joint Ventures Societárias parecem com uma parceria comercial, mas não envolvem relacionamento comercial contínuo e de longo prazo, baseando somente numa única transação comercial.
Diferença para o M&A (Merge and Aquisition - Fusão)
Você pode estar se perguntando se uma Joint Venture não seria o mesmo que um M&A, já que em ambas as operações combinadas podem beneficiar as empresas com economias de escala, maior participação de mercado, melhor tecnologia e mais compartilhamento de conhecimento. Na verdade, apesar de parecidos, são distintos.
Uma fusão acontece quando duas empresas, geralmente de mesmo porte, em vez de operarem como entidades separadas, decidem continuar negócios como um único empreendimento. Aqui ambas devem entregar suas ações para que uma nova entidade organizacional seja criada e, assim, novas ações sejam emitidas.
Em operações de Joint Ventures as empresas envolvidas continuarão a existir separadamente por conta própria, mas, através de uma parceria legal, pode (ou não) ser criado um novo empreendimento.
Exemplos de Joint Ventures
Para facilitar a compreensão, trouxemos alguns casos bem conhecidos:
A Microsoft e a NBC fizeram uma Joint Venture, criando o MSNBC. As duas empresas mantiveram suas empresas-mãe e criaram uma nova entidade para a divisão de negócios em que a Joint Venture foi formada.
A empresa Vivo, muito conhecida no segmento de telefonia, foi originada devido a uma Joint Venture entre a espanhola Telefónica Moviles e a portuguesa Portugal Telecom. A Sony Ericsson, também do ramo de telecomunicações, é considerada uma das Joint Ventures mais conhecidas no mundo, tendo sido criada através da parceria entre a empresa sueca Ericsson e a japonesa Sony.
Aqui no Brasil, nos anos 90, a Nintendo fez uma parceria com a Gradiente e a Estrela sob o nome “Playtronic”, lançando vários consoles (videogames Super NES, Nintendo64 e o Nintendo GameCube) até o início dos anos 2000, quando a parceria foi desfeita por conta da pirataria.
Outro caso de destaque foi a a empresa BRF (Brasil Foods), do segmento alimentício, que, em 2012, associou-se à empresa chinesa DCH (Dah Chong Hong Holdings Limited) com o objetivo de distribuir no mercado chinês produtos alimentícios in natura e processados, e lá desenvolver a marca Sadia.
Benefícios e desvantagens
Como há o compartilhamento de capital e expertise, geralmente essa operação possibilita a redução de custos de desenvolvimento de produtos e sua oferta a preços menores ao consumidor final, aumentando, assim, a competitividade das partes envolvidas e o alcance a novos mercados.
Por outro lado, realizar uma operação de Joint Venture é um assunto complexo. Demanda tempo e esforço, necessitando de muita comunicação entre os envolvidos, a fim de evitar choque de culturas organizacionais, assim como descompassos e desequilíbrios operacionais. A acordo também pode demorar mais tempo que o esperado e o empreendimento pode tornar contornos mais rígidos, dificultando a tomada de decisões e o alinhamento de metas.
Conclusão e recomendações
Sabendo, portanto, que as Joint Ventures não trazem apenas o compartilhamento de benefícios e lucratividade, mas também partilham dos riscos, custos e prejuízos, a fim de verificar se o negócio a ser realizado será bom para todas as partes, é condição sine qua non que as partes envolvidas analisem seu planejamento orçamentário e façam os ajustes necessários.
Além disso, é aconselhável a realização mútua de um processo de Due Diligence para que sejam analisados documentos, dados contábeis e financeiros, visando eliminar ou mitigar riscos envolvidos nos acordos comerciais entre as empresas.
Por fim, também é recomendável que seja criado pelas partes envolvidas um plano de negócios com definição de métricas, estratégias e metas/objetivos realistas a serem alcançados.
De toda maneira, mesmo sendo um grande desafio investir numa parceria conjunta, seus diversos benefícios ficam bem claros para aqueles que estão preparados para a competitividade e oportunidades do mercado.
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